Como já ocorreu em outras ocasiões em que atuei como palestrante internacional, tive a honra de ser convidado para discutir sobre a situação atual do Transporte Marítimo Global no Congresso da Câmara Interamericana de Associações Nacionais de Agentes Marítimos (Cianam), na Costa Rica, nos próximos dias 17 e 18. Gostaria de antecipar alguns dos tópicos que apresentarei durante o plenário de membros da Cianam, incluindo autoridades e participantes do congresso. O cenário marítimo global é dinâmico e vasto, abrangendo uma frota mercante que, até 31 de dezembro de 2023, contava com mais de 105.500 navios operacionais. O setor está em constante crescimento, como evidenciado pelo aumento de 3,2% na capacidade da frota mercante mundial. Este aumento é paralelo ao intenso tráfego nos portos, onde foram registradas aproximadamente 4,6 milhões de escalas de navios. Esses números não apenas enfatizam a escala da indústria marítima global, mas também sublinham sua importância fundamental para o comércio internacional e para a economia mundial.
O mercado de transporte marítimo passou por uma notável volatilidade no decorrer de 2022. As taxas de frete de contêineres alcançaram patamares recordes no final de 2021, mantendo uma tendência de alta até o início de 2022. No entanto, o terceiro trimestre do mesmo ano registrou uma diminuição significativa nas tarifas de frete ‘spot’ em rotas comerciais importantes, aproximando-se dos níveis pré-pandemia antes de estabilizarem no início de 2023. Paralelamente, os fretes para os graneleiros experienciaram uma alta expressiva até maio de 2022, impulsionadas pelo aumento da demanda e congestionamento nos portos, mas sofreram uma queda nos meses subsequentes, encerrando o ano em um nível mais baixo, evidenciando a incerteza e os desafios enfrentados pelo setor.
Destaco o impacto das crises na Rússia-Ucrânia e Israel-Gaza no transporte marítimo e na logística global. A guerra na Ucrânia ampliou as distâncias de transporte marítimo, com previsões de aumento contínuo até 2024. Além disso, destaca-se a ausência de alternativas viáveis ao Canal de Suez para o comércio entre Ásia-Europa e Ásia-América do Norte, e o aumento dos custos para os Armadores devido à escassez de combustível - ‘bunker’ - e desvio de navios para rotas mais longas, como a alternativa de dar a volta pelo Cabo da Boa Esperança no Sul da África.
Além disso, como podemos depreender, o transporte marítimo, espinha dorsal do comércio global, enfrenta um momento de inflexão, navegando não só pelas ondas do oceano mas também por mudanças econômicas, ambientais e sociais. Conforme o último relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), este setor vital está sob intensa observação e pressão para adaptar-se às crescentes demandas por práticas sustentáveis e responsáveis. O agente marítimo, categoria de profissionais essenciais que operam os navios em todos os portos do mundo, também está atento a todas as mudanças deste mercado de transporte tão relevante para o comércio global.
Nos últimos anos, o setor viu uma volatilidade sem precedentes, com a pandemia da covid-19 exacerbando desafios logísticos e econômicos. Apesar dos contratempos, o mercado começa a mostrar sinais de recuperação.
O setor de fretes enfrenta desafios críticos, como a gestão de custos voláteis e a otimização de rotas logísticas. A adoção de práticas alinhadas aos princípios de ESG tornou-se imperativa. Estas ações não apenas atendem às regulamentações globais mas também refletem uma mudança na consciência corporativa.
À medida que o setor se orienta para um futuro mais verde, a integração de ESG nas operações marítimas será crucial para sua sustentabilidade e sucesso a longo prazo. O transporte marítimo está em um momento decisivo, com a sustentabilidade no cerne das discussões sobre seu futuro. Para empresas e stakeholders, é uma oportunidade de redefinir o setor, comprometendo-se com um caminho mais sustentável e responsável.
por: Marcelo Neri
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Jornal Portuário.
Fonte: A Tribuna Press Reliase / Clipping | Foto: Divulgação / Créditos: APS
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