Nicole Mattar Haddad Terpins, a executiva que reabriu o Estaleiro Atlântico Sul, está deixando a companhia. Ela se despediu da equipe na última sexta-feira, com a informação de que vai cuidar de um novo desafio pessoal, o que significa dizer que pode estar indo para uma outra empresa, provavelmente, aqui mesmo em Pernambuco.
Nicole Terpins foi responsável por uma das mais extraordinárias jornadas no EAS, para onde foi levada para operar a Recuperação Judicial, construir um plano de reativação da empresa no setor de reparos navais, e deixa a companhia com a marca de 30 serviços de reparos navais contratados, o que acabou rapidamente colocando a companhia entre os maiores do setor altamente promissor.
Ela sempre conta que chegou no EAS com a planta fechada, sem ele ter nenhum serviço, e precisou ligar para seus ex-funcionários; muitos deles formados no próprio site daquele que se apresentava como o maior centro de produção naval da América do Sul.
O Atlântico Sul Heavy Industry Solutions, o novo nome da empresa, se despediu de Nicole Terpins com um respeitoso comunicado aos seus colaboradores, clientes, fornecedores e amigos, onde anunciou que o engenheiro Roberto Cavalheiro Brisolla Neto assume a função de Presidente do EAS.
Roberto Brisolla é engenheiro civil, tem MBA em Finanças e nos últimos 22 anos, trabalhou nos setores de infraestrutura, construção civil, construção naval, óleo e gás, finanças corporativas e gestão empresarial.
Ele já ocupava uma posição no Conselho de Administração do EAS e dará continuidade à orientação que o Conselho imprimiu ao Atlântico Sul nos últimos anos.
O comunicado também diz que o Atlântico Sul agradece a importante contribuição que Nicole Terpins deu ao projeto, tanto no período em que foi responsável pela Diretoria Jurídica, quanto no papel de Presidente, que exerceu nos últimos três anos e meio.
E que “nessa condição, ela liderou a retomada das atividades da empresa através de um plano consistente de oferta de serviços de reparo, que continua em curso. Nicole também foi peça importante no desenho e na operação do Plano de Recuperação Judicial e nas negociações para a reestruturação dos ativos do Atlântico Sul”.
Foi mesmo. Assim como a história do Estaleiro Atlântico Sul está recheada de movimento importantes desde a sua concepção, implantação, fabricação de superpetroleiros, envolvimento na ações da Lava Jato e, finalmente, o seu fechamento, a chegada de Nicole Terpins marca uma retomada da empresa depois de um período inativa até a aprovação da sua Recuperação Judicial.
Poucos executivos do setor, e ainda menos mulheres, têm no currículo a marca de fazer uma companhia como o AES voltar ao mercado como ela. Na sua despedida aos funcionários, a executiva disse que é muito bom olhar para trás e ver o quanto se avançou.
O EAS adquiriu as condições para a recuperação judicial de forma até agora bem-sucedida, voltou a operar e gerar caixa suficiente para iniciar antecipadamente o pagamento de sua dívida e o mais importante: reposicionar a marca, tornando-se referência em reparo naval na América Latina.
A empresa também entrou em novos mercados, revocacionando parte dos ativos para grandes projetos de infraestrutura, junto a grandes players e disse que se sentia feliz por ter “colaborado para a performance industrial e desenvolvimento econômico do Estado de Pernambuco, o que é motivo de grande orgulho” pessoal.
E disse que tem "muito orgulho do que conquistamos e seguirei com a certeza de que a empresa continuará sua trajetória de sucesso" e desejou sucesso ao novo CEO, Roberto Brisolla, o qual "estou certa continuará a conduzir a empresa com maestria".
A escolha de Roberto Brisolla é natural por que ele vinha acompanhando de perto o trabalho de Nicole Terpins, na condição de membro do Conselho de Administração da empresa e está familiarizado com a rotina da companhia.
Além do mercado de reparos navais, o EAS está no segmento de construção e montagens de grandes estruturas submersas e mira um setor que está chegando ao Brasil relacionado a parques eólicos off-shore que demandam não apenas gigantescas turbinas, mas bases metálicas de fixação que o parque do EAS pode se capacitar e para o qual já mantém conversas.
O primeiro prazo de Recuperação Judicial termina em junho próximo, mas a condições da companhia estão tão boas nos novos mercados que o grupo de credores não deve fazer oposição à justiça para que ele seja prorrogado.
A empresa pode avançar com a renda de parte de suas instalações para a construção de um Terminal de Uso Múltiplo da Marsks cuja autorização para prosseguimento da venda do terrenos e instalações foi aprovada pelo CADE na semana passada.
Com os R$ 455 milhões que serão pagos, após o leilão de ativos, pelo conglomerado da dinamarquês, uma área que será destinada para construção de um terminal de contêineres em Ipojuca (PE) o Atlântico Sul está mais próximo de sair da RJ
Mas a empresa não vai esquecer da contribuição de Nicole Terpins com a equipe em motivar e focar seus colaboradores. Nos últimos dois anos anos, ele voltou a operar na prestação de serviços de reparo já tendo feito 30 docagens entrando com força num mercado de ao menos 300 navios - apenas no mercado interno. E onde o EAS virou referência de qualidade.
Na sua despedida, ela agradeceu aos acionistas do EAS que confiou a ela a missão de conduzi-lo em meio à crise, “especialmente em um segmento tradicionalmente masculino”. Faz sentido. Ou como ela disse ao reabrir o parque de máquinas do estaleiro: “Voltamos a ligar para os nossos ex-soldadores. Vamos resgatá-los”.
E resgatou mesmo. Na última sexta-feira, ao menos 700 estavam trabalhando na empresa.
ESTALEIRO Com acréscimo de R$ 5 milhões, APM Terminals arremata terreno do Atlântico Sul.
Fonte: JC NET 10 | Fotos / Divulgação / Créditos: EAS | RICARDO B LABASTIER
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