O transporte marítimo internacional é responsável por movimentar 90% das transações comerciais globais. Os armadores associados ao Centronave (Centro Nacional de Navegação Transatlântica) vêm apresentando várias inovações para acelerar a descarbonização nessa movimentação global, buscando diversas soluções que vão além de uma atualização tecnológica de motores e de novos combustíveis, mas incluem estratégias alternativas, como auxílio de inteligência artificial, gestão de cargas, e terminais mais modernos e eficientes.
Estas medidas visam acelerar a descarbonização do setor e reforçar o compromisso dos armadores com o meio ambiente e a sociedade, além de ajudar a atender à meta estipulada pela Organização Marítima Internacional (IMO) de reduzir emissões de CO2 em 30% até 2030.
"Já existem navios saindo dos estaleiros movidos a metanol, hidrogênio, amônia e gás (GLP). Um de nossos associados, por exemplo, está construindo 12 navios (o primeiro a ser entregue em 2025) exclusivamente movido a metanol." afirma Claudio Loureiro de Souza, diretor-executivo do Centronave.
O acordo fechado recentemente em Londres pela IMO é um avanço sobre o anterior, de 2018, em que os países definiram 40% de redução das emissões em 2030 e zero emissão até o final século. O esforço, agora, visa acelerar em 50 anos a descarbonização do transporte marítimo internacional: redução de 20% buscando chegar a 30% em 2030 e de 70% buscando chegar a 80% em 2040.
"No futuro teremos uma nova geração de navios com zero emissão de CO2 ou com emissão muito baixa em relação à atual frota," declara Loureiro.
O Centronave reúne 19 armadores de atuação global, que operam em várias modalidades do transporte marítimo no Longo Curso. Os associados movimentam cerca de 97% de toda a exportação e importação brasileira em contêineres, atendem 30 segmentos da economia, e abrem novos mercados para a indústria e agro negócio em 170 países.
Os maiores armadores do mundo, como a ONE, Hapag-Lloyd, MSC e Maersk, investem em diversas soluções como a modernização da frota atual, o uso de sistemas de navegação inteligente, armazéns de logística de baixa emissão, calculadoras de carbono, utilização de "robô aspirador subaquático", novos propulsores mais econômicos, e a novas tecnologias em combustíveis alternativos e menos poluentes.
De robô aspirador subaquático a propulsores
Como parte dos esforços para a descarbonização no transporte marítimo, a MSC começou a utilizar novas e revolucionárias soluções sustentáveis em seus navios porta-contêineres, como por exemplo o "robô aspirador subaquático" para limpar os cascos com frequência, o que ajuda a diminuir em até 20% as emissões de CO². Ao manter os cascos dos navios limpos, os motores operam a menor carga e economizam combustível. E com a entrada em operação de novas embarcações, desde 2019, como o M/V MSC Gülsün, a empresa vem também estabelecendo novas referências para o transporte sustentável de contêineres, com uma das mais baixas pegadas de emissão de carbono para mover uma tonelada de carga por milha náutica.
A ONE, por seu lado, tem testado com sucesso o "Biocombustível Sustentável para Descarbonização". Os testes vêm sendo realizados em colaboração com outro armador associado ao Centronave, a Mitsui O.S.K. Lines, e com a empresa pioneira e líder mundial em biocombustíveis sustentáveis, a GoodFuels. Os biocombustíveis sustentáveis não emitem óxido de enxofre e proporcionam uma redução de 80% a 90% das emissões de CO2 em relação aos combustíveis fósseis. Também são não requerem modificações nos motores ou infraestrutura dos navios atuais.
Em relação aos combustíveis verdes, em outro exemplo, a Maersk está criando uma estrutura bem avançada para a utilização de metanol verde como combustível naval, e em termos globais. Para aumentar a capacidade de produção mundial de metanol verde, a Maersk recentemente firmou parcerias estratégicas com seis empresas líderes, com a intenção de fornecer pelo menos 730.000 toneladas/ano até o final de 2025. Com isso, alcançará a necessidade de metanol para o abastecimento dos primeiros 12 navios de contêineres verdes já encomendados. A empresa também anunciou a construção na Dinamarca do seu primeiro "armazém de logística verde" com baixa emissão de gases de efeito estufa.
A Hapag-Lloyd também lançou o produto Ship Green, uma nova solução para transportes baseada em biocombustíveis para reduzir emissões de CO2. Com a solução, os clientes podem escolher entre três opções diferentes, que representam diferentes níveis de prevenção das emissões de dióxido de carbono equivalente: 100%, 50% ou 25%. Ao oferecer o Ship Green, a Hapag-Lloyd continua no caminho para alcançar operações de frota neutras para o clima até 2045.
São esses alguns exemplos. Atualmente, o transporte marítimo global corresponde por até 3% das emissões globais de CO2. Mesmo assim, o setor de navegação já se empenha com inovações e soluções sustentáveis em toda a sua cadeia de logística e vêm fazendo grandes avanços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Apesar dos muitos desafios a serem superados nos setores marítimo e logístico, os armadores seguem investindo em constantes melhorias e tecnologias inovadoras rumo à emissão zero no futuro.
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