Vinte e um anos separam as trajetórias de Carlos Alberto Garcia, de 72 anos, e Edson Francisco da Cruz, de 58, na profissão que escolheram. Por coincidência, os dois foram alertados por amigos que haveria concurso - no caso do primeiro, em 1973, e no do segundo, em 1994. Eles foram conferir no que dava, passaram e estão até hoje na profissão: são conferentes de carga e descarga no Porto de Santos.
“No começo, fui um choque para mim trabalhar no Porto, pois havia vindo de um ambiente de trabalho completamente diferente (na Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão). Mas, aos poucos, fui me acostumando e pegando um grande carinho pela profissão. Vários oficiais de navios me confidenciaram que o trabalho realizado em Santos era de boa qualidade em relação ao de outros portos”, lembra Garcia.
“Fui atraído por essa ideia e, após o início efetivo das atividades, foi que compreendi a complexidade das várias tarefas que ficam sob a responsabilidade deste profissional, em uma atividade multitarefas, dinâmica e contagiante”, conta Cruz.
O conferente oferece suporte técnico e administrativo nas operações de movimentação de carga, desempenhando as atividades a bordo das embarcações e também em terra. Ele identifica tudo, anotando em documentos próprios informações como quantidade, volume, peso, marcas e outras características, que permitam assegurar que a carga a ser movimentada é a prevista e correta.
Além disso, o profissional é responsável pelo exato cumprimento dos sequenciamentos de embarque e descarga das mercadorias nos porões dos navios, anotando todo o histórico da operação, tempo de movimentações, de paralisações, produtividade e outros itens, fazendo também a ligação do comando do navio com o operador portuário.
“É um polo concentrador de informações, organizando a logística para um bom resultado operacional", completa Cruz. "O nome conferente até é muito simplório para destacar uma profissão que tem uma importância muito grande”, emenda Garcia.
Desafios e futuro
Como em todas as áreas de trabalho, o desafio do conferente é acompanhar a evolução das operações e dos equipamentos. “As categorias do Porto têm tido possibilidade de fazer cursos, seja pelo Ogmo (Órgão de Gestão de Mão de Obra), pela Marinha e também patrocinados pelas empresas portuárias para atender a especificidade de cada uma delas. E o conferente tem participado”, conta Garcia.
Cruz também se alinha a esse raciocínio. “É estar sempre se preparando para o aumento contínuo na eficiência das movimentações de carga, para extrair resultados cada vez maiores e melhores dentro de um mesmo intervalo de tempo, justamente em razão dessa modernização operacional promovida pelos patrões”.
Em meio ao aperfeiçoamento, a luta e o otimismo prevalecem na atividade de conferente. “O futuro é lutar cada vez mais para demonstrar a necessidade de se ter esse profissional em condições de exercer o seu trabalho com dignidade”, afirma Garcia. “Onde existir carga a ser movimentada nos navios, existirá sempre a necessidade da presença do conferente para identificação, certificação e o correto posicionamento desta carga”, finaliza Cruz.
Fonte: Jornal A Tribuna | Fotos / Divulgação / Créditos:
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