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Não há um dia igual ao outro no porto

Cláudio comenta que o comércio internacional tem altos e baixos

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O futebol perdeu um jogador, mas o setor portuário ganhou o talento e a dedicação de Cláudio dos Santos Oliveira, Diretor Comercial e de Marketing da Brasil Terminal Portuário (BTP) desde 2015. Ele  tem uma longa trajetória no setor portuário, passou por várias empresas, trabalhou no Exterior e foi o primeiro gerente operacional do Ogmo em Santos (SP). 

Até agora, não se arrependeu da escolha: “O setor é apaixonante. Não há um dia igual ao outro, quando você acha que está dominando o tema aparecem novidades. O mercado é muito competitivo e traz mudanças o tempo todo, você tem que se adaptar para não ficar para trás”.

Nascido e criado em Santos e torcedor do time da cidade, desde pequeno era apaixonado por futebol e o sonho era ser jogador profissional. Justamente por isso foi fazer Educação Física, mas o sonho acabou quando começou a trabalhar em navegação em 1984. Depois de formado, ainda fez Administração de Empresas, MBSA em Gestão de Negócios na Fundação Getúlio Vargas e Curso de Preparação de Conselheiro de Empresas no  Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

Seu primeiro emprego de meio período foi no Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, onde além de ajudar a distribuir os livros para os professores e preparar o material didático teve oportunidade de estudar inglês. Graças ao domínio do idioma,  recebeu o convite para atuar na Transatlantic Carriers (Agenciamentos) Ltda, em Santos, onde ficou  por um ano.

O cargo era visitador de navios, e ele não tinha a menor ideia do que precisava fazer. Durante quatro meses ficou como operador de telex e entrar para o setor foi a porta para o futuro: “O  trabalho me ajudou a entender o que era aquele mundo, a linguagem técnica, como atuavam os agentes de navios, os armadores”.

Quando finalmente passou a visitador, aprendeu que teria que ser o intermediário entre o comando do navio e a tripulação com as autoridades em terra: “Quando o navio de bandeira estrangeira chega no Porto, o visitador entra no navio, checa e separa toda documentação dos tripulante e a carga. É ele quem atende todas as necessidades, como providenciar serviço médico e dentário e cuidar dos passaportes. Na saída do navio também faz a liberação, munido das informações para a chegada no próximo porto”.

Depois atuou na  Servport Serviços Portuários e Marítimos, Agência de Vapores Grieg S/A, Transatlantic Carriers, Navibras Comercial Marítima, Sealand do Brasil, Hapag-Lloyd, Craft Multimodal Central América, atuando na Costa Rica e, finalmente, na Rodrimar International, por sete anos.

Em 2015 foi contatado por um headhunter que estava procurando um diretor comercial para uma empresa de contêineres, mas só depois da quarta conversa descobriu que a sede era em Santos. “Uma oportunidade como essa e na minha cidade não podia deixar escapar e voltei para Santos depois de 11 anos fora do Brasil”, conta. 

Como gerente comercial da BTP, cuida de toda área de vendas no terminal, presta atendimento aos navios, aos armadores, organiza os contratos, coordena embarque e descarga dos contêineres e ainda atua com os importadores para garantir o serviço logístico como armazenagem e trabalhos especiais. .

Até começar na Transatlantic não tinha nenhuma afinidade com porto. “Eu nasci em Santos, fui criado em Santos, tinha tios que trabalhavam na Cia Docas, tios despachantes, meu pai trabalhava com café, mas eu nunca tinha tido nenhum contato com o porto, a ponto de não saber que Marinha de Guerra e Marinha Mercante eram coisas diferentes. E agora em abril completo 40 anos de aprendizado na área. Você aprende todo dia com todo mundo. Chega uma meninada nova e também te ensina”.

Cláudio comenta que o comércio internacional tem altos e baixos e em seu cargo precisa acompanhar as variáveis para buscar o melhor para os negócios da empresa. Diz que a Inteligência Artificial está chegando de forma tímida nas operações, mas acredita que virão muitas transformações, é só questão de tempo.

Mudanças acontecem o tempo todo: “Cada vez mais as cadeias estão se descentralizando. Os armadores não querem mais transportar os contêineres do ponto A para o ponto B. Eles querem buscar o contêiner na porta do cliente; se o cliente precisar ele vai fazer o desembaraço, ver o seguro, vai transportar e cuidar de toda cadeia. Assim, o cliente que pode focar no nicho principal. Se tiver só uma empresa é muito mais fácil o gerenciamento do que passar por várias etapas”, revela.

A concorrência também é grande hoje em dia: “Temos quatro terminais de contêineres em Santos, mas competimos com Rio de Janeiro, Paranaguá, portos de Santa Catarina, Vitória, Salvador. Tem que estar muito atento o tempo todo para não perder clientes.

 Entre 30 a 40 por do que é descarregado em Santa Catarina, por exemplo, tem como destino final São Paulo. O gerenciamento mais técnico dos portos ajudou muito. Antes tudo era possível, mas nada realizado; agora você realiza o que for possível”.

Otimista por natureza, acredita que 2024 será um bom ano: “A fase de pandemia nós deixou muito mal acostumados, tivemos um desenvolvimento grande e agora voltamos ao pré-pandemia. Mas a expectativa é boa, cresce a cada ano a conteirização das commodities de milho, soja, café, açúcar e proteína animal também está crescendo. A previsão é que vamos superar as safras do ano passado. E ainda temos a indústria automotiva que prevê superar as vendas de 2023”.

A Faculdade de Educação Física trouxe ensinamentos importantes  para a vida: “Eu me formei como educador, preparado para orientar, para olhar as pessoas de forma diferenciada, dar oportunidades para que profissionais introvertidos possam render mais. Esses conceitos valem para qualquer setor. Eu acho que qualquer esporte nos ajuda a trabalhar bem em equipe. Fiz natação, judô, cada esporte te ajuda um pouco”.

Cláudio gosta de praia, de caminhar e de correr, mas nos finais de semana e quando aparece a oportunidade ele quer mesmo colocar a mochila nas costas e viajar com a esposa Regina e os filhos Guilherme, 24 anos, engenheiro civil, e Lucas, 22, engenheiro elétrico. “Nosso melhor programa é aproveitar o tempo em que estamos todos juntos”, completa.

 

 

Fonte: PortalBeNews | Clipping | Foto: Divulgação / Créditos:

 

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