Especializado em movimentação de cargas em contêineres, o terminal da empresa Porto Itapoá opera há 12 anos no Litoral de Santa Catarina - Divulgação/Porto Itapoá
O Porto Itapoá fica perto de grandes cidades como Curitiba (PR) e Joinville (SC) e abocanha uma clientela que não é contemplada pelo gigante ao lado, o porto público de São Francisco do Sul, o maior terminal de Santa Catarina. Enquanto o primeiro trabalha apenas com cargas em contêineres, o segundo é referência na movimentação de granéis agrícolas.
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O tamanho dos navios que conseguem entrar na baía de Babitonga, no entanto, está entre os obstáculos apontados pelo setor portuário para o crescimento das importações e exportações na região.
A baía de Babitonga já é conhecida pelas águas naturalmente profundas, mas, assim como outros portos brasileiros, os terminais da Porto Itapoá e de São Francisco do Sul também defendem a dragagem do canal de acesso.
A ideia é passar dos atuais 14 metros para 16 metros, o que permitiria a navegação de embarcações de até 366 metros de comprimento.
O custo da obra está estimado em R$ 290 milhões e a captação de recursos envolve empresas e órgãos públicos. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) já concedeu a licença prévia para a obra, mas a de instalação ainda está em análise.
A ideia é que a maior parte dos sedimentos retirados a partir da dragagem sejam aproveitados no alargamento da praia de Itapoá, que tem sofrido com erosão marítima.
A proposta de construir um terminal de contêineres em Itapoá surgiu ainda na década de 1990, quando o grupo empresarial Battistella, tradicional no comércio de madeira em Santa Catarina, pensava em uma solução para exportar seus próprios produtos.
Mas a ideia de restringir o terminal portuário a um uso privativo não durou, na esteira do aumento do interesse de outros exportadores.
Hoje, o grupo Battistella (Portinvest) detém 70% do controle do terminal. Somente o grupo exporta seus produtos para mais de 50 países.
O terminal de contêineres saiu do papel em junho de 2011 e foi instalado no extremo sul de Itapoá, interferindo menos na paisagem do centro da cidade, que tem vocação turística, com praias de águas quentes.
Mas, em mais de dez anos, a atividade portuária já se tornou o principal eixo econômico do município, que tinha 14.345 habitantes no Censo de 2010 e pulou para 21.766 na estimativa do IBGE feita em 2021.
De acordo com a Porto Itapoá, a empresa hoje é responsável por mais de mil empregos diretos e cerca de 4.000 indiretos.
E o setor empresarial vê espaço para novos negócios na região. Entre as grandes empresas do país que também estão de olho na cidade de Itapoá, está a paranaense Coamo, a maior cooperativa agrícola da América Latina.
Ela já tem uma área na região, onde estuda implantar um terminal de grãos e farelos, mas não revela prazos nem dá detalhes sobre o investimento. A Coamo já possui terminais –próprio e arrendado –no Porto de Paranaguá, no litoral do Paraná.
O Porto Itapoá afirma que, em maio, bateu seu recorde histórico de movimentos de contêineres em um único mês, com 98.113 TEUs (uma unidade equivalente a um contêiner de 20 pés).
Entre os investimentos recentes da Porto Itapoá estão mais de US$ 25 milhões na compra de máquinas da fabricante chinesa ZPMC, que prometem dar agilidade à movimentação de contêineres no terminal.
São dez grandes guindastes móveis sobre pneus –RTGs, na sigla em inglês— operados por controle remoto, uma tecnologia que, segundo a empresa, ainda era inédita em terminais portuários da América do Sul.
"Traz mais segurança para os colaboradores do terminal e os equipamentos são híbridos, com consumo de combustível três vezes menor do que um RTG convencional, movido apenas a diesel", diz o diretor de Operações da Porto, Sergni Junior.
Dos dez novos RTGs comprados da China, cinco já estão no terminal em Itapoá e outros cinco chegam até o final do ano.
Além dos guindastes chineses, o terminal comprou um portêiner (máquina que movimenta contêineres entre o cais e o navio) com uma lança com 70 metros de alcance. O novo equipamento, comprado por US$ 11 milhões no ano passado, deve ser entregue também neste ano. O terminal já possui seis portêineres menores, com 55 metros e com 65 metros de alcance.
Outro investimento realizado recentemente é um escâner móvel, comprado por R$ 10 milhões, e que serve na inspeção dos contêineres. A empresa afirma que o equipamento –um modelo HCVM XT da empresa britânica Smiths Detection— é o primeiro em território brasileiro.
Além dos equipamentos, a estrutura física do terminal também está sendo ampliada. Até o final do ano, o pátio do terminal terá 455 mil m² e poderá comportar até 32 mil contêineres de 20 pés, 10 mil a mais do que a capacidade atual.
Já o píer, que hoje tem 800 metros de comprimento, o que permite receber dois navios ao mesmo tempo, ficará mais extenso no futuro, com 1.200 metros. De acordo com o Ibama, o projeto está em fase de elaboração do EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental).
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