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Porto de Santos: investidor defende planejamento estratégico como política de Estado

Insegurança política é obstáculo para investimento privado, apesar do interesse no setor infraestrutura

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Brasil Terminal Portuário (BTP) teve o contrato de arrendamento no Porto de Santos renovado por mais de 20 anos e prevê, como contrapartida até 2047, o investimento de R$ 1,9 bilhão no terminal de contêineres.

Trata-se de um dos maiores investimentos privados em infraestrutura portuária do Brasil da última década.

A prioridade da companhia será aumentar a capacidade operacional do terminal em 40% com a ampliação do cais, que receberá quatro novos STS (ship to shore crane/portêiner), totalizando 12 equipamentos, além de novas defensas. Paralelamente, a capacidade de armazenagem de contêineres será expandida, com destaque para a área “reefer” que passará das atuais 2.128 para cerca de 3.500 tomadas refrigeradas. Também serão adquiridos mais 27 guindastes sobre pneus e 46 carretas terminal tractor.

“Ainda temos opções para mais R$ 2 bilhões de investimentos a serem discutidos com o governo. O problema é que para a renovação do contrato com o governo demorou mais de três anos, um processo longo. Em 2021, a gente estava no governo Bolsonaro com uma visão. Três anos depois, estamos no governo Lula. Daqui a dois anos, quando começarmos a trabalhar com os novos investimentos, será ano de eleição e pode continuar o Lula ou vir qualquer outro candidato. Dinheiro não tem partido político, ele investe e se adapta. Investimos no país e esperamos uma visão mais clara para onde ir”, comenta Patrício Júnior, diretor de investimentos em terminais da Terminal Investment Limited (TiL) e presidente do Conselho de Administração da Brasil Terminal Portuário (BTP).

O representante do setor defende um planejamento a longo prazo com metas para o setor, com aprovação do Congresso Nacional como política de Estado, independente da gestão presidencial, para trazer mais segurança, previsibilidade aos investimentos na iniciativa privada e menos burocracia na execução de obras fundamentais para o desenvolvimento do país.

“Qualquer governo não deve alterar algo que é discutido, conversado, trabalhado com a sociedade. Dentro do governo federal existe o Infra, que é órgão técnico que cuida do planejamento na área de infraestrutura. Na minha avaliação, o Infra deveria desenvolver um trabalho tanto na área de portos como de rodovias, entre outros, que fosse um MasterPlan de 5, 10 ou 15 anos, independente do governo que está no poder. O governo iria apenas executar um plano de investimento de longo prazo de uma nação”, defende o investidor.

De acordo com ele, o plano deveria ser aprovado pelo Congresso Nacional com a possibilidade de alteração em parte pelos governantes, com garantia da manutenção do projeto como um todo. “Isso deveria ter sido feito há muito tempo no Brasil. Sem isso, começam os problemas dos ‘puxadinhos’ com governos que uma hora puxam o barco para direita e outra hora vão para a esquerda”, opina Júnior.

O cenário atual resulta em insegurança para os investimentos, que geram preços maiores, consequentemente. “A dificuldade do investidor estrangeiro não é saber para onde o barco está indo, mas se amanhã ele ainda estará na mesma direção. Toda insegurança faz com que haja uma taxa de retorno maior”, comenta o diretor, que ainda faz a ressalva de que a instabilidade não é um problema exclusivo do Brasil.

“É assim em todo o lugar, inclusive nos Estados Unidos. Em alguns lugares, o problema é um pouco menor e em outros o problema é maior. No Brasil, eu diria que é médio. Perdemos a oportunidade de estar um pouco adiante. Isso pode acontecer se apostarmos mais no investimento em infraestrutura, que é a saúde corporal do indivíduo. Se estiver tudo funcionando, ele pode ser um atleta”, ressalta.

Júnior pondera que muitas ideias brilhantes na área de infraestrutura começam a ser executadas, mas as obras públicas travam por décadas e os projetos não saem do papel. Como exemplo, o presidente do conselho da BTP confirma o interesse da empresa em investir na área STS10 em um terminal de contêineres para ampliação da capacidade do Porto de Santos com projeção de investimento entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões. “Dinheiro existe, vontade existe e o mercado é atraente. Vamos fazer? Não sei”, responde o investidor ao lembrar da insegurança no mercado em consequência das movimentações políticas.

“A empresa tinha planos durante a gestão do Tarcísio de Freitas no Ministério da Infraestrutura, no governo Bolsonaro, para investimento no Porto de Santos no STS 10. No novo governo, a administração passou para autoridade portuária, que defende que não existe necessidade do STS 10 com investimento em outros locais. Foi feito um estudo sobre isso, uma análise de impacto ou a decisão foi tomada por alguém que simplesmente acha que não deve ser feito?. Quando investimos dinheiro, pensamos nisso tudo”, completa.

Segundo a Autoridade Portuária de Santos (APS), o porto recebe mais de 5 milhões de contêineres por ano em terminais privados, que têm capacidade calculada como suficiente até 2030.

 

 

Fonte: Gzeta do Povo /Clipping | Foto: Divulgação / Créditos: BTP/Divulgação

 

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