A APM Terminals, unidade da divisão de transporte e logística da Maersk, planeja investir R$ 5,2 bilhões em seus terminais portuários no Brasil até 2026, disse ao Valor o CEO Keith Svendsen, que visitou o país esta semana.
O foco principal da empresa está na renovação antecipada do contrato da BTP (Brasil Terminal Portuário), terminal portuário de Santos operado em conjunto com o TIL da MSC. A empresa está em negociações com o governo federal para prorrogar o contrato, que vence em 2027, por mais 20 anos.
Em troca, a ideia é fazer investimentos de pelo menos R$ 1,54 bilhão para ampliar e modernizar o terminal. O valor pode ser ainda maior, já que a ideia da BTP é fazer intervenções adicionais, além das obrigatórias. O valor pode chegar a R$ 2,2 bilhões nos próximos cinco anos, segundo o grupo.
A APM espera receber uma resposta sobre o processo nas próximas semanas. Questionada sobre o assunto, a reguladora portuária Antaq disse que, em 2022, recomendou ao Ministério da Infraestrutura “a confirmação do plano de investimentos”. O Ministério dos Portos e Aeroportos ainda não respondeu.
Segundo o Sr. Svendsen, agora é urgente a necessidade de investimentos no Porto de Santos, tanto para garantir o aprofundamento do canal de navegação – que permitirá a entrada de navios novos, maiores e mais eficientes – quanto para ampliar a capacidade do complexo portuário, que segundo ele está chegando ao limite.
“Atualmente, o porto está 92% cheio. Mundialmente, quando um porto chega a 80% de sua capacidade, já fica difícil operar. Acreditamos que futuramente será necessário dobrar a capacidade do Santos. Para fazer isso, muitos projetos precisam ser colocados em prática. No curto prazo, nosso foco principal é ampliar a capacidade do terminal [BTP]”, disse o executivo.
Além da expansão da BTP, a empresa tem interesse em um novo terminal de contêineres no porto, o STS 10, localizado em área contígua ao seu terminal com TIL. No entanto, a nova administração ainda não definiu o futuro do projeto, que vem sendo alvo de intensa polêmica em 2022.
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Na última gestão, a polêmica do terminal girou justamente em torno da participação da APM e da TIL no leilão. Pela regra definida em 2022, as empresas poderiam concorrer individualmente, mas não em conjunto, como na BTP. Ainda assim, outros operadores portuários reclamaram da possibilidade de os grupos competirem e expressaram temores de uma concentração de mercado de seus acionistas controladores, as companhias marítimas globais Maersk e MSC. Ao final, a licitação não foi adiante e agora está sendo reavaliada.
“Caberá à nova administração e à autoridade portuária definir seu plano para o STS 10. Se for um leilão livre e justo e pudermos participar nas mesmas condições que todos, então sim, gostaríamos de participar”, disse Leo Huisman, CEO da APM Terminals Americas.
Sobre a pressão que Maersk e MSC têm sofrido no Brasil por temores de concentração de mercado, Svendsen disse que a experiência em outros países mostra que a preocupação é infundada.
“Em Rotterdam [Holanda], alguns anos atrás, fizemos um grande investimento em um novo terminal e o mesmo argumento foi usado. Hoje, 10 anos depois, vemos que o mercado ficou mais competitivo, o que tem estimulado o investimento em tecnologia e inovação”, afirmou.
Questionado sobre possíveis interesses em aquisições, como o terminal da Santos Brasil, Svendsen disse que o foco hoje é a BTP. “Nosso foco principal é modernizar a BTP. O Santos Brasil é um ótimo terminal, certamente haverá muitos compradores interessados. Mas isso não aumentará a capacidade do Porto de Santos, seria apenas uma mudança de propriedade. O que o porto precisa mesmo é de mais capacidade”, disse o executivo.
Today, besides BTP, APM already operates five port terminals in Brazil: Itajaí and Itapoá, in Santa Catarina; Paranaguá, in Paraná; Rio Grande, in Rio Grande do Sul; and Pecém, in Ceará.
Além disso, o grupo se prepara para construir um novo terminal em Suape (Pernambuco), em área que pertencia ao Estaleiro Atlântico Sul (EAS). O investimento total previsto é de R$ 2,6 bilhões. Para a primeira etapa, prevista no plano de R$ 5,2 bilhões do grupo, serão destinados R$ 1,6 bilhão ao terminal, que será construído do zero. “É um projeto empolgante, estamos rejuvenescendo a infraestrutura antiga e expandindo a concorrência no porto.”
Além dos dois grandes investimentos – em Santos e Suape – o pacote de investimentos da empresa para o Brasil também inclui aumentar em cinco vezes a capacidade de armazenamento nas regiões Nordeste e Sudeste, além de melhorias na logística e serviços no terminal de Itapoá.
Fonte: Valor Econômico International | Fotos / Divulgação / Créditos: Gabriel Reis/Valor
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