A TIL (Terminal Investment Limited), do grupo de navegação MSC, prevê investimento de R$ 7 bilhões em seus terminais portuários no Brasil, pelos próximos cinco anos. O valor poderá mais do que dobrar a depender das oportunidades de expansão, segundo Ammar Kanaan, presidente global da companhia. Ao todo, o grupo teria R$ 17 bilhões reservados a negócios no país.
“Estamos crescendo no Brasil e buscando oportunidades para expandir nossa capacidade”, afirmou o executivo, em conversa com o Valor, realizada durante sua visita ao país, na semana passada. “O Brasil tem uma demanda latente. Se a capacidade [portuária] no país dobrasse, a demanda acompanharia. Então estamos comprometidos em fazer investimentos à medida que as oportunidades surgirem.”
Entre os investimentos já aprovados, R$ 4 bilhões se referem ao BTP, terminal de contêineres no Porto de Santos (SP) que a empresa opera em sociedade com a APM Terminals, da Maersk.
Parte desses recursos ainda dependem de um aval do governo federal à renovação antecipada do arrendamento, que venceria em 2027, por mais 20 anos. A extensão ainda está em negociação e é considerada prioritária pelas companhias - há um mês, o presidente da APM também esteve no país e conversou com autoridades sobre o tema.
Estou feliz que a privatização [do Porto de Santos] foi colocada de lado. Teria sido muito desafiador”
— Ammar Kanaan
Para além dos investimentos em Santos, a TIL planeja alocar cerca de R$ 3 bilhões em seu terminal de contêineres no Porto de Navegantes, terminal privado operado na região de Itajaí (SC). Os recursos estão sendo destinados à reconstrução do cais, ao aprofundamento do calado e a outras obras no local.
Hoje, a TIL opera 74 terminais portuários em todo o mundo. A empresa é controlada pela MSC, maior empresa de navegação de contêineres do mundo. No Brasil, além dos terminais em Santos e Navegantes, o grupo tem um terminal no Rio de Janeiro e controla a empresa de cabotagem Log-in, que opera um terminal no porto de Vila Velha (ES).
Um dos focos de expansão da companhia hoje é a região Nordeste, segundo Kanaan. “Estamos olhando seriamente essa região, buscando entender o potencial. Não temos presença forte lá.”
Além disso, a empresa aguarda a definição do governo federal quanto ao leilão do STS10, um novo terminal de contêineres em Santos. O projeto começou a ser estruturado na gestão passada como um grande ativo, porém, a atual equipe está reavaliando os estudos e poderá reduzir sua área ou mesmo rever a licitação. “Estamos esperando a modelagem final. O STS10 poderia ser uma oportunidade para expandir nossa presença em Santos”, afirmou o executivo.
Questionado sobre o interesse em adquirir a Santos Brasil, operadora de contêineres concorrente, cuja venda tem sido discutida no mercado, ele diz que se trata de uma oportunidade, mas aponta complexidades na operação.
“Estamos crescendo globalmente, queremos refletir esse crescimento no Brasil. Qualquer oportunidade que venha à tona, para nós, é uma boa oportunidade. No caso da Santos Brasil em particular, é uma companhia de capital aberto, então, não sei, é complexo adquirir uma empresa aberta. Vem com uma série de incertezas. E é um tíquete grande. Então não poderia opinar sobre isso. Mas certamente eles têm uma operação excelente”, disse.
Para o presidente, a decisão do novo governo de desistir da privatização do Porto de Santos foi bem recebida. “Estou feliz que a privatização foi colocada de lado, porque acho que teria sido muito desafiador”, afirmou. “O Porto de Santos já tem muitos operadores privados com concessões, como nós, a Santos Brasil, a DP World. A indústria é pequena. Então, se a autoridade portuária é privatizada, não importa o formato, o porto acabaria com uma entidade privada de alguma forma relacionada a um dos operadores. Então é difícil.”
Outra privatização suspensa pelo governo federal é a do Porto de Itajaí (SC), região em que a TIL já está presente com o Porto de Navegantes. Porém, neste caso, o projeto deverá ser oferecido como forma de uma concessão direcionada a contêineres. Em relação a este leilão, Kanaan afirmou que, para a empresa, o principal aspecto do projeto é regularizar a situação do porto - operado por um contrato de transição, desde que a concessão da Maersk venceu, em 2022. “Vamos apoiar qualquer decisão tomada com esse objetivo”, disse.
Para o executivo global, a avaliação sobre a regulação brasileira do setor portuário é positiva em comparação com outros países do mundo, apesar de ruídos como a questão da cobrança da taxa de segregação e entrega de contêineres (a chamada THC2).
*Ammar Kanaan, presidente global da TIL, empresa de terminais do grupo MSC
Fonte: Valor | Fotos / Divulgação / Créditos: Ana Paula Paiva/Valor
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