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Muito obrigado, Pelé!

Obrigado Edson, obrigado Rei, obrigado Pelé.

Enviado por: Redação | @jornalportuario
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O Rei Pelé, maior jogador de todos os tempos, morreu nesta quinta-feira, aos 82 anos, vítima de câncer que começou a ser tratado no ano passado. Ele estava internado no Hospital Alberto Einstein, em São Paulo. A Prefeitura de Santos decretará luto oficial de sete dias. 

O prefeito Rogério Santos manifestou pesar em nome da Cidade. "Pelé é imortal. Seus feitos estão gravados na primeira página da história da humanidade. O Rei do Futebol, o maior atleta de todos os tempos, sempre estará em nossos corações e em nossa memória como um mago da bola. Alguém que escreveu o bê-á-bá do futebol-arte com determinação e muito talento. Que impressionará eternamente as gerações com suas jogadas extraordinárias e sua história tão peculiar: do menino craque, humilde, que junto com o maior time do mundo, o Santos Futebol Clube, encantou o Planeta. Perdemos o Edson que, como dizia o próprio Rei, era um homem comum. O Edson descansou, mas o Pelé, com todo o seu encanto, nunca morrerá. Viva Pelé. Obrigado por toda a emoção e alegria que trouxe para nós. Pelé é eterno em nossa memória e coração".

Atleta do Século 20, idolatrado ao redor do mundo, Edson Arantes do Nascimento começou a jogar no Santos Futebol Clube em 1956. Iniciava ali a carreira do personagem mais importante da história do esporte.

Talento gigante, genialidade surpreendente, jogador de qualidades insuperáveis, Pelé suplantou todas as marcas do futebol, sendo reconhecido dentre todas as modalidades esportivas como o Atleta do Século 20.

Dificilmente alguém conseguirá achar as palavras para definir o que foi a estrela do Alvinegro Praiano, time pelo qual foi bicampeão do mundo em 1962 e 1963, e da Seleção Brasileira, na qual conquistou os mundiais de 1958, na Suécia, de 1962, no Chile, e de 1970, no México.

Em quase 21 anos de atuação, Pelé marcou 95 gols com a amarelinha, e mais 1.091 pelo Santos. Foram verdadeiras obras de arte nos gramados do País e mundo afora, que levaram todo o planeta a reverenciar Sua Majestade.

Magistral nos campos e encantando multidões ao redor da Terra, Pelé, simultaneamente, encarnou o papel de embaixador de Santos, estabelecendo uma ligação indissociável entre o personagem e a Cidade.

Se Santos já era reconhecida em âmbito internacional pelo café e pelo maior complexo portuário da América Latina, o vínculo com Pelé fez o nome da Cidade se expandir aos mais distantes territórios.

Pela projeção que rendeu à Cidade em quase 70 anos, pela satisfação e orgulho que proporcionou aos santistas, Santos tem gratidão infinita a essa figura incomparável.

Fruto do longo esforço do próprio Atleta, de autoridades governamentais do Município e do Estado, e do apoio da população, o Município tem orgulho de ter entregado em vida o que era um dos maiores sonhos do Rei: o Museu Pelé. Às vésperas da Copa de 2014, a inauguração o fez chorar. "Eu agradeço a Deus por ele ter me dado saúde para receber essa honra".

Com amplo acervo da trajetória do Atleta do Século, o equipamento guarda documentos, camisas, chuteiras, bolas, condecorações, troféus, itens do acervo pessoal, áudios, filmes, fotos e textos  desde o tempo em que era menino até se tornar ídolo. Para além da apresentação de objetos, é uma honra para a Cidade que ele tanto difundiu se responsabilizar pela conservação desse material de interesse de turistas do Brasil e do exterior.

A constelação de vultos que elevaram o nome da Cidade, como José Bonifácio de Andrada e Silva, padre Bartolomeu de Gusmão, Saturnino de Brito e Quintino de Lacerda, agora agora ganha o brilho de mais uma estrela: Pelé.

Neste momento de dor e de despedida ao finito Edson Arantes do Nascimento, Santos se curva em gesto de profunda gratidão e reverência ao eterno Rei.

Andar por Santos é encontrar referências e homenagens ao Rei Pelé em vários cantos. As marcas estão em obras públicas, no Santos FC e em vias desde a entrada da Cidade até a Ponta da Praia. Confira os pontos.

Homenagens desde a entrada da Cidade

O viaduto que dá acesso a Santos pelo Sistema Anchieta-Imigrantes, porta de entrada da Cidade, foi denominado Rei do Futebol. Seu entorno também conta com um monumento em formato de camisa do Santos FC, que traz o nome e número 10 imortalizados pelo Rei.

Museu Pelé

Dentro da Cidade o primeiro local que você deve conhecer é o Museu Pelé. Instalado nos antigos Casarões do Valongo (reconstruídos), o museu apresenta a incrível trajetória de Edson Arantes do Nascimento, o Rei do Futebol. No local, estão expostos documentos, camisas, chuteiras, bolas, condecorações e troféus, entre muitos outros itens do acervo pessoal do Atleta do Século 20. Nos 4.134m² do museu, o público também aprecia áudios, filmes, fotos, textos sobre a história de Pelé e paineis com os registros mais importantes da trajetória do maior jogador de todos os tempos. O melhor é que o museu tem entrada gratuita.

Sala do Rei

Afora o passeio pelo museu e pela loja dedicada ao Rei, existe um local que ficou dedicado exclusivamente ao Rei, para que ele recebesse convidados especiais ou para funcionar como um escritório.

Decorada em tons neutros, nos quais se destaca o contraste entre o branco e o preto do Santos Futebol Clube, a Sala do Rei apresenta, logo na entrada, a famosa caixa de engraxate do ex-jogador de futebol. Fazem ainda parte da decoração quadros do seu acervo pessoal.

Santos FC e Pelé, impossível separar

Na avenida Pinheiro Machado, logo após o hospital Santa Casa de Misericórdia de Santos fica o CT Rei Pelé, que tem nos muros imagens dele e de outras personalidades e jogadores que marcaram a história do Peixe.

Outro passeio imperdível é no bairro Vila Belmiro, mais precisamente no Estádio Urbano Caldeira, conhecido popularmente pelo nome do bairro. Neste campo, Pelé marcou 288 gols (maior artilheiro da história). Lá dentro, o visitante tem acesso ao Memorial das Conquistas, onde é possível descobrir um pouco mais da história do Santos que se confunde com a do Rei.

Pelé jogou no Santos durante 18 anos. No período de 1.116 jogos, o maior de todos os tempos marcou incríveis 1.091 gols, média de 0,98 gol por partida.  De 1956 até 1974 Pelé conquistou duas Taça Libertadores da América (1962 e 1963), dois Mundiais Interclubes (1962 e 1963), seis campeonatos Brasileiros (1961, 62, 63, 64, 65 e 68) quatro torneios Rio-São Paulo (1959, 1963, 1964 e 1966) e mais 25 títulos de torneios no exterior. O Memorial das Conquistas do Santos traz todo esse acervo de taças e histórias, fazendo com que o visitante viaje no tempo em que o sucesso do Peixe no mundo fazia de Santos a a capital do futebol.

O mistério do armário

Dentro da Vila Belmiro, mais precisamente no vestiário do time profissional, uma curiosidade: armário de Pelé permanece trancado, intacto desde 1974, ano que o jogador fez a última partida oficial com a camisa do Peixe, contra a Ponte Preta. O local virou ponto turístico. Muitos que fazem a visita ao vestiário garantem uma foto ao lado do armário, cujo conteúdo tem sido um mistério.

Barbearia e pousada da Dona Georgina

Ao sair do estádio, quase em frente ao portão nº 6, fica a Barbearia do Didi, o barbeiro do Pelé. O local está repleto de fotos e objetos que remetem a essa amizade. Um outro ponto curioso fica na rua Euclides da Cunha, no bairro Pompeia, endereço onde ficava a antiga pensão da Dona Georgina, onde Pelé e os demais jogadores jovens que vinham para o Peixe moraram na década de 50. Não se trata de um lugar aberto para visitação, mas ao passar em frente ao endereço vale uma reverência ao Rei.

Canal 3

Também vale a pena conferir um dos locais onde o Rei morou em Santos. Fica no número 556 da Avenida Washington Luís, o edifício Agulhas Negras, em cuja fachada há uma placa informando que Pelé ali residiu, em 1967. É o 'xodó' dos moradores.

A arte imortalizando o Rei

Na Avenida Almirante Cochrane s/nº, na Aparecida, em frente à Padaria Santista, fica a famosa estátua do Pelé dando o soco no ar. O clima do local é todo alvinegro e não é difícil encontrar algum ídolo do passado pelo local.

A mais recente homenagem ao Rei Pelé em Santos fica na Ponta da Praia, mais especificamente no mural do artista mundialmente conhecido Kobra, que homenageia o coração santista com destaque para o Pelé na fachada do Centro de Atividades Turísticas, em frente ao Mercado de Peixes (Praça Gago Coutinho s/nº).
 

E por falar na Ponta da Praia, os moradores das imediações da Praça Nossa Senhora do Carmo (que fica no canal 7 - Av. General San Martin) conhecem o local como "a praça do Pelé", porque o Rei morou por muitos anos numa casa (que já não existe mais) nesse endereço.

A MÃE DO REI

Além de tantos locais marcantes, a mãe de Pelé (ou Dico, como ela costumava chamá-lo), dona Celeste Arantes do Nascimento, hoje com 100 anos, vive em Santos,no bairro Aparecida.
 

Sonho do Rei, Museu Pelé é a maior homenagem de Santos ao Atleta do Século

O Museu Pelé é a maior homenagem prestada pela Cidade ao Atleta do Século. Chamado por ele mesmo de sua casa, o local guarda o maior acervo pessoal e em referência ao Rei no planeta. Instalado nos antigos Casarões do Valongo (reconstruídos), o visitante pode viajar pela incrível trajetória de Edson Arantes do Nascimento, o Rei do Futebol.

No local, estão expostos documentos, camisas, chuteiras, bolas, condecorações, troféus, detalhes dos títulos, prêmios, homenagens, estatísticas e manchetes de jornais sobre seus feitos, entre muitos outros itens do acervo pessoal do Atleta do Século 20. Nos 4.134m² do museu, o público também aprecia áudios, filmes, fotos e textos sobre a história de Pelé. Tudo de maneira interativa moderna e com acessibilidade para pessoas com deficiência.

Inaugurado em 15 de junho de 2014, como parte dos eventos paralelos à Copa do Mundo no ano em que foi realizada no Brasil, o museu foi a realização de um sonho antigo do Rei, que dizia querer a construção de um local para expor toda a sua história, mas em Santos, a Cidade que adotou como sua.

O próprio Rei relatou isso quando esteve presente no início da construção, em julho de 2010. Na ocasião, o ex-jogador se recordou da longa trajetória percorrida até o início das obras. "Recebi propostas de vários países: Estados Unidos, Japão e Arábia. Sempre quis que fosse aqui em Santos. Está dando certo. Agora, não deixem a bola parar".

E a bola não parou. Em quatro anos, as ruínas de dois antigos casarões do Valongo erguidos em 1867 e 1872 (antigas sedes da Prefeitura e a Câmara de Santos, que passaram décadas destruídos por incêndios e pelo abandono) tiveram a fachada original totalmente reconstruída, volumetria e acabamentos, além da construção de modernas instalações no espaço interno até a data da inauguração.

Em 2016 o museu passou a ser administrado pela Prefeitura de Santos e dois anos depois, em 2018, ganhou um ambiente muito especial, a Sala do Rei, no segundo pavimento do prédio. O espaço foi reservado para ser o escritório do Atleta do Século, onde ele poderia receber convidados na sua “casa”, como carinhosamente chamava o local que não era aberto ao público.

Na ocasião da inauguração o Rei novamente se emocionou e fez mais declarações de amor à Cidade. “Em vários lugares do mundo tive salas e locais para troféus. Na Europa, no Japão e, mais recentemente, na Rússia. Mas a minha casa é em Santos. Eu tenho que receber as pessoas aqui”.

O Rei sempre deixou claro que gostaria de receber homenagens em vida, e a materialização do museu foi a maior demonstração que a Cidade pode oferecer a ele em reconhecimento à sua importância para Santos. E o público respondeu de forma positiva: desde a inauguração, há pouco menos de 8 anos, foram mais de 325 mil visitantes média de 40 mil por ano (mesmo tendo ficado longos períodos fechado devido à pandemia).

Como diz o grande Pepe, maior artilheiro humano da história do Santos Futebol Clube, Pelé não era deste mundo “era um extraterrestre”. Quer ele tenha sido desse mundo, ou de outro, para o qual voltou ao partir no dia de hoje, a casa dele em Santos estará para sempre de portas abertas para fazer com que o mundo jamais esqueça o legado do Rei do Futebol.


 

Números do Rei Pelé
 

Confira os números e resultados que mostram a grandeza da trajetória futebolística do maior jogador de futebol de todos os tempos. Estes dados também fazem parte da mostra ‘Supremo - conquistas-números-recordes’, que pode ser apreciada no Museu Pelé.

1282 gols em 1367 jogos – média de 0,94 por jogo

Santos - 1.091 gols, sendo 643 em jogos oficiais e 448 em amistosos

Seleção Brasileira - 95 gols, sendo 67 em jogos oficiais e 18 em amistosos

Cosmos - 65 gols, sendo 37 em jogos oficiais e 28 em amistosos

Seleção do Exército - 15 gols, sendo um em jogo oficial e 14 em amistosos

Seleção Paulista - 9 gols, todos em jogos oficiais

Sindicato dos Atletas de São Paulo - três gols em jogos amistosos

Jogos beneficentes - quatro gols

Média de gols

Santos: 0,97 por jogo

Seleção Brasileira: 0,84 por jogo

Cosmos: 0,60 por jogo

Gols em Copa do Mundo: 12

Gols em Libertadores: 16

Gols em Campeonatos Brasileiros: 102

Gols em Campeonatos Paulistas: 466

Artilharia

11 vezes do Campeonato Paulista: 1957, 1958, 1959, 1960, 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1969, 1973

3 vezes do Campeonato Brasileiro: 1961, 1963, 1964

2 vezes da Copa Intercontinental: 1962, 1963

Torneio Rio- São Paulo: 1966

Copa Libertadores da América: 1965

Copa América: 1959

Maior artilheiro do Santos: 1089 gols

Maior artilheiro da Seleção Brasileira: 95 gols

Recordista de gols em uma temporada (1959): 127 gols

Maior artilheiro do Santos na Libertadores: 16 gols

Títulos

Seleção Brasileira

Copa do Mundo: 1958/1962/1970 

Copa Roca: 1957/1963

Taça Bernardo O’Higgins: 1959

Taça do Atlântico: 1960

Taça Oswaldo Cruz: 1958/1962/1968

Seleção Paulista

Campeonato Brasileiro de Seleções: 1959

Santos

Principais conquistas

Mundial Interclubes: 1962/1963

Taça Libertadores da América: 1962/1963

Campeonato Brasileiro: 1961/1962/1963/1964/1965/1968

Torneio Rio-São Paulo: 1959/1963/1964/1966

Campeonato Paulista: 1958/1960/1961/1962/1964/1965/1967/1968/1969/1973

Recopa Sul-Americana: 1968

Recopa Mundial: 1968

Torneios Internacionais

Troféu Tereza Herrera (Espanha): 1959

Torneio de Valência (Espanha): 1959

Torneio Pentagonal do México: 1959

Torneio Mario Echandi (Costa Rica): 1959

Torneio de Lima (Perú): 1960

Troféu Giallorosso (Itália): 1960

Torneio de Paris: 1960/1961

Torneio Triangular da Costa Rica: 1961

Torneio Pentagonal de Guadalajara (México): 1961

Torneio Itália: 1961

Taça das Américas: 1963

Torneio Quadrangular de Buenos Aires (Argentina): 1965

Torneio 4º Centenário de Caracas (Venezuela): 1965

Torneio Hexagonal do Chile: 1965

Torneio de Nova York (EUA): 1966

Torneio Triangular de Florença (Itália): 1967

Torneio Pentagonal de Buenos Aires (Argentina): 1968

Torneio Octogonal do Chile: 1968

Torneio Triangular da Guatemala: 1970

Torneio de Kingston (Jamaica): 1971

Torneios Nacionais

Torneio da Amazônia: 1968

Torneio de Cuiabá: 1969

Torneio Laudo Natel: 1974

Cosmos

Liga de Futebol Norte-Americano: 1977

Prêmios

Melhor jogador jovem da Copa do Mundo FIFA: 1958

Bola de Prata da Copa do Mundo FIFA: 1958

Ballon d'Or da France Football: 1958, 1959, 1960, 1961, 1963, 1964, 1970

Bola de Ouro da Copa do Mundo FIFA (Melhor Jogador): 1970

Melhor Jogador da Copa América: 1959

Artilheiro da Copa América: 1959

Bola de Prata da Revista Placar (Hours-concours): 1970

Personalidade do esporte no exterior da BBC: 1970

Futebolista Sul-Americano do Ano: 1973

Incluído no time de estrelas da North American Soccer League (NASL): 1975, 1976, 1977

Aposentadoria da Camisa 10 pelo New York Cosmos: 1977

Ordem de Mérito da FIFA: 1984

Top-100 Jogadores de Copas do Mundo 1930–1990 da France Football: 1990

Incluído no National Soccer Hall of Fame: 1992

Seleção de Futebol do Século XX: 1998

Jogador do Século da IFFHS (International Federation Of Football History & Statistics): 1999

Jogador Sul-Americano do Século da IFFHS: 1999

Atleta do Século escolhido pela Agência Reuters: 1999

Eleito Atleta do Século pelo Comitê Olímpico Internacional: 1999

Eleito Futebolista do Século pelos ganhadores da Ballon d'Or da France Football: 1999

Melhor Jogador do Século da FIFA: 2000

Prêmio Laureus do Esporte Mundial: 2000

Prêmio Ordem do Mérito do Centenário da FIFA: 2004

FIFA 100 Melhores Futebolistas Vivos: 2004

Prêmio personalidade do esporte no exterior da BBC Lifetime Achievement: 2005

Eleito Melhor Jogador Brasileiro do Século pela IFFHS: 2006

Melhor futebolista que já jogou da Golden Foot: 2012

FIFA Ballon d'Or: 2013

Guinness World Records, jogador com mais gols - 1281 gols em 1363 partidas: 2013

Guinness World Records, jogador com mais Copas do Mundo vencidas - três: 2013

Melhores Onze de Todos os Tempos da Revista World Soccer: 2013

Prêmio Tributo da Football Writers' Association: 2018

Bola de Ouro Dream Team: 2020

Guinness World Records, o mais jovem vencedor de uma Copa do Mundo: 2020

IFFHS All Time World Men’s Dream Team: 2020

11 Leyendas Jornal espanhol AS: 2021

Budweiser Player of the history: 2002

 

LUIZ DIAS GUIMARÃES
Diretor-presidente da Fundação Arquivo e Memória de Santos
Ex-secretário de Turismo de Santos

Anos 60, um jovem despontava no Santos. Meu mundo lúdico infantil levou-me a abordar aquele jovem que jantava na Cantina Liliana, na Rua Bahia, e pedir-lhe um autógrafo, prontamente aposto em minúsculo papel de comanda. Como toda minha geração, me encantava a magia daquele futuro rei.

Poucos anos depois, fui com colegas e um professor do Canadá entrevistá-lo para nossa revista do grêmio lá na  Vila, palco de memorável espetáculo onde vi o Santos golear por 11 a 0 o Botafogo de Ribeirão Preto com 8 de Pelé, culminando com um gol final do rei a menos de um metro da trave. Ele enfeitiçou a bola, que fez um movimento de 180 graus e entrou para euforia geral.

Perdi meu interesse pelo futebol, exceto nas copas, e por muito tempo fiquei distante do rei, em suas andanças pelo Cosmos e outras 'plagas'. Até que, como membro do Governo, acompanhei o prefeito Papa em uma visita a outro rei, Oscar Niemeyer, no Rio, para discutir sobre um futuro Museu Pelé.

Na hora Niemayer interrompeu o papo, foi para a prancheta, cigarrilha em uma mão trêmula e giz de cera em outra, e esboçou uma concepção com facilidade como se essa ideia já estivesse em sua cabeça.

Daí para a frente, minha vida volta e meia cruzou com a dele em eventos e reuniões. Uma delas em sua casa no Guarujá, onde fomos recebidos à porta pelo amigo Pepito. À mesa, perguntei: Cadê ele? Pepito apontou para o churrasqueiro que, de costas, cuidava atentamente da picanha e não havia visto chegarmos. Esse era o Edson, não o Rei. Aliás, ele mesmo se referia a Pelé na terceira pessoa.

Nesta hora triste penso no Edson e no Pelé. Muitos escreverão endeusando ou criticando esse homem, imperfeito como todos nós.

Mas o Edson que conheci era uma pessoa muito simples e afável, por mais que alguns promovessem intrigas. Como sua disputa com outra majestade, Maradona. Um dia o presidente Menen pediu que Edson ajudasse a internar o ídolo argentino, no que foi prontamente atendido.

Soube em uma de nossas conversas que Edson tomou todas as providências de logística complexa para trazê-lo para o  Brasil. Mas acabou não acontecendo. Maradona foi para Cuba, se não me falha a memória já não tão perfeita.

Foi-se Edson. E foi de uma maneira sofrida que eu, por experiência de vida, sei a dor que provoca para o moribundo e seus familiares. Meus sinceros sentimentos.

Edson se foi, mas não o rei. Pelé está vivo e certamente continuará sendo gerido por empresários norte-americanos que já poucos anos compraram os direitos sobre o rei. Pelé não perderá a majestade que conquistou pela vontade popular do mundo futebolístico.

E é a essa figura emblemática e mitológica que a cidade de Santos deve muito. Enquanto secretário de Turismo, em contatos no exterior, vi que o mapa apontava “a cidade do Pelé”. Como aquela história do presidente Reagan que ao cumprimentá-lo disse: “Muito prazer, Ronald Reagan. Você não precisa se apresentar. Todo o mundo o conhece”. Particularmente no México, onde, na gestão do Paulo Alexandre, estive algumas vezes tratando da vinda daquela seleção para  Santos na Copa de 2014, na rua o nome era lembrado com imensa admiração.

Pois é, foi-se Edson, mas Pelé ficou e espero que seu glorioso legado se perpetue em nosso museu como exemplo de atleta e nosso eterno embaixador.
 

 

IVAN BELMUDES

Hoje é um dia de dor e tristeza para todos os amantes de futebol pelo mundo, em especial para todos os moradores de Santos. Apesar de ter nascido em Três Corações e passado a infância toda em Bauru, foi o nome de Santos que o Pelé exaltou e espalhou aos quatro cantos do mundo. Edson Arantes do Nascimento nos deixou no dia de hoje, deixando um vazio enorme no coração de todos nós. Nesse momento de luto e de dor, nos resta como obrigação contar um pouco dessa história, que jamais será esquecida.

No ano de 1956, um jovem promissor de apenas 16 anos, vindo de Bauru, desembarcava em Santos, trazido pelo ex-atacante e ídolo do Palmeiras Waldemar de Britto, que já profetizava: “Esse vai ser o maior jogador do mundo”. Sábias palavras de Britto, o garoto era Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Desde aquele dia, a história de Santos e Pelé caminhariam juntas para sempre.

A Cidade vivia um momento de euforia com o futebol. Os pouco mais de 200 mil habitantes da época comemoravam o campeonato paulista ganho em 1955 pelo Santos depois de 20 anos de espera. O time já contava com craques famosos como Pagão, Zito e José Macia, o Pepe, que aliás é dono de histórias maravilhosas sobre a chegada do Rei. Numa delas, conta que, ao apertar a mão do jovem de apenas 16 anos, sentiu tanta força que percebeu se tratar de alguém forjado para vencer.

No dia 7 de setembro do mesmo ano ficava claro que tanto Britto quanto Pepe estavam certos nas suas previsões. Pelé entrou no segundo tempo do amistoso do Santos contra o Corinthians, mas não o de Parque São Jorge (que aliás seria a maior vítima do Rei com 55 gols sofridos), era o time de mesmo nome de Santo André, que perdeu de sete a um naquele dia.

O jovem marcou o sexto tento, que seria o primeiro dos seus mais de mil em toda carreira. Pelé entrou em diversos jogos do time que naquele ano se tornaria bicampeão consecutivo do Paulistão.

No ano seguinte, ainda com 16 anos, Pelé já era titular da equipe e com 36 gols. Se tornou o artilheiro mais jovem até hoje na competição (que terminaria vencida pelo São Paulo). O campeonato rendeu projeção nacional ao novo craque.

Na Copa de 1958, o jovem craque debutou com a camisa amarela em Copas do Mundo e, num daqueles acasos que acompanham as grandes histórias, por sorteio, o futuro rei recebeu o número 10, que passaria a ser imortalizado como o número dos grandes craques como Zico, Maradona, Zidane, Ronaldinho, Messi, entre tantos outros.

Pelé é o maior artilheiro da história do futebol Mundial com 1.283 gols em 1.363 jogos. Sendo que pela Seleção Brasileira foram 77 gols em 92 partidas. Com a Amarelinha conquistou três Copas do Mundo (1958, 1962 e 1970), em 58 foi eleito o melhor jogador jovem do torneio. Em 70 ganhou o prêmio de melhor jogador, com gols memoráveis e quase gols, tão importantes quanto os marcados, como a tentativa do meio de campo contra a Checoslováquia, ou o famoso drible de corpo contra o goleiro Mazurkiewicz do Uruguai.

Mas muito mais do que com os uniformes amarelos, Pelé teve a imagem imortalizada com os uniformes brancos que contrastavam com a pele negra, como nas fotos em que realizava a famosa comemoração do soco no ar. O Santos já era um time vitorioso antes da chegada do Rei, mas com ele se transformou no maior time de todos os tempos, conquistou o mundo e fez o nome do time e, por consequência, da Cidade chegar a todos os cantos do planeta Terra.
Ao todo, Pelé jogou no Santos durante 18 anos. Em 1.116 jogos, o maior de todos os tempos marcou incríveis 1.091 gols, uma média de 0,98 gols por partida.  De 1956 até 1974 Pelé conquistou: duas Taças Libertadores da América (1962 e 1963), dois Mundiais Interclubes (1962 e 1963), seis campeonatos Brasileiros (1961, 62, 63, 64, 65 e 68) quatro torneios Rio-São Paulo (1959, 1963, 1964 e 1966) e mais 25 títulos de torneios no exterior.

Feitos memoráveis ficaram guardados na memória, histórias que entraram para o folclore da bola, como o jogo na Colômbia em que o juiz foi expulso pela torcida após expulsar Pelé de campo, numa das versões contadas, o jogador já tomava banho no vestiário quando foi chamado de volta para evitar uma tragédia. Ou a famosa história de que a Guerra em Biafra na Nigéria foi paralisada para poder assistir ao Peixe que obviamente tinha o Rei como maior atração.

Pelé ainda teve tempo de jogar pelo NY Cosmos, se transformando em pouco tempo numa grande personalidade dos Estados Unidos. Marcou 65 gols com as camisas verdes do clube nova-iorquino, onde atuou de 75 a 77. Fora de campo gravou filmes, comerciais, frequentou as principais TVs americanas, se tornou amigo de Sylvester Stallone, Robert Redford e principalmente de Mohamed Ali. No jogo de despedida, quando atuou um tempo pelo Santos e outro pelo clube estadunidense, diante de amigos, familiares e mais de 70 mil pessoas no estádio do NY Giants, tal qual Caetano imortalizou na sua canção, disse “Love, Love, Love”.

Após se aposentar dos gramados não deixou de trabalhar. Para citar apenas algumas das funções de maior destaque, ele foi: Comentarista de Futebol da Rede Globo, com a marcante participação na cobertura do tetra em 1994. Foi ator com participação em filmes nacionais, internacionais e novelas, garoto propaganda de diversas marcas, Ministro dos Esportes entre 1995 e 1998, além de embaixador da ONU e da Unicef.

Santos jamais esqueceu o ídolo que tanto enalteceu o nome da Cidade no mundo, Pelé foi por diversas vezes homenageado em vida, desde a entrada da Cidade que conta com uma camisa do Peixe e o nome do Rei, até o Museu Pelé, no centro da Cidade, que possui o maior acervo pessoal do atleta.

Pelé teve três despedidas marcantes: na primeira com a camisa da Seleção, no Maracanã lotado, foi coroado ainda no gramado. Na segunda com a camisa do Santos, se ajoelhou em campo para agradecer aos céus e aos torcedores, na terceira pelo Cosmos, em Nova Iorque pediu mais amor como numa oração. Hoje, na sua quarta despedida, é a cidade de Santos que reverencia o grande rei coroado nos gramados e transborda do amor ofertado ao mundo. Pelé nos deixa neste plano terrestre, mas terá a história para sempre contada nas ruas da Cidade e seguirá eternamente vivo nos corações de todos os santistas.

Obrigado Edson, obrigado Rei, obrigado Pelé.
 

Fonte: Prefeitura Municipal de Santos | Foto: Divulgação

INFORMATIVO

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