Consultor vê possibilidade de aumento causado pelo crescimento de blank sailings e pela redução de inventários das companhias
Nos últimos três anos, o aumento do frete marítimo foi uma das consequências da pandemia que mais tem chamado a atenção. Mesmo que os congestionamentos de portos não sejam uma realidade atual e os navios estejam com maior capacidade de carga, o consultor da Solve Shipping, Roberth Grantham, acredita que, na contramão das rotas leste-oeste, no Brasil, haverá uma tendência de aumento de fretes nos próximos dois meses.
Para Grantham, o aumento é causado, principalmente, pelo crescimento das omissões de portos (blank sailings), sobretudo na rota da Ásia. Os altos níveis de estoque na Europa e nos EUA, juntamente com a incerteza em torno da demanda futura do consumidor, resultaram no cancelamento ou adiamento de pedidos. Dessa forma, fábricas chinesas vêm se preparando para fechar
"Isso vem impactando os fretes de importação de março e agora tendem a influenciar os fretes de exportação. Estamos também no final do low season (‘baixa temporada’) e muitas empresas parecem já ter reduzido seus inventários para níveis mais normais", comentou o especialista à Portos e Navios.
Em novembro, segundo dados da Freightos, plataforma que compila preços do frete marítimo global, o valor para alugar um contêiner era cerca de US$ 3 mil, 69% menor do que em janeiro de 2023, quando esteve próximo de US$ 9,8 mil, mas ainda é praticamente o dobro do registrado no período pré-pandêmico, de aproximadamente US$ 1,5 mil, em janeiro de 2020. Para este ano, Grantham acredita que ainda seja cedo para cravar uma previsão mais detalhada, mas relembra que o valor depende muito das rotas e da negociação dos embarcadores com os armadores.
"A nível mundial, há alguns fatores que impactam a manutenção dos fretes em níveis mais baixos como muitos navios novos entrando em operação, o que gera uma oferta maior que a demanda, além do aumento do consumos de serviços, em detrimento da compras de bens duráveis — que impulsionou os embarques na pandemia — e um clima de recessão mundo afora", destacou o consultor.
Para a agência da Organização das Nações Unidas (ONU), a média de evolução estimada para o comércio marítimo, em 2023, será de 2,1% — se mantendo até 2027. Grantham reiterou que os próximos dois meses serão cruciais. Segundo ele, é preciso ver como os armadores vão administrar o excesso de oferta com blank sailings e o envio maciço de navios mais velhos para desmonte. "O Brasil, por ter volumes menores e menos armadores atendendo a costa, pode ter um comportamento um pouco diferente. Precisamos acompanhar os próximos dois meses", relembrou.
Além disso, o consultor acredita que seja necessário, também, observar como as economias se comportarão e, principalmente, o conflito entre a China e os EUA. Na última terça-feira (7), o novo ministro das relações exteriores da China, Qin Gang, declarou que o conflito e confronto com os Estados Unidos são inevitáveis se Washington não mudar de rumo. A rivalidade entre as duas potências vem se intensificando desde a recusa da China em condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia.
Fonte: Clipping | Fotos / Divulgação / Créditos:
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