Transporte de sucata entre empresa de Cingapura e siderúrgica indiana foi o primeiro a usar documentação eletrônica em toda a transação
O conglomerado dinamarquês de logística Maersk substituiu recentemente o documento de conhecimento de embarque (bill of landing, ou BL) de papel em um transporte internacional de cargas por um registro em blockchain. De acordo com a Maersk, os planos são de emitir 50% dos seus conhecimentos de embarque digitalmente em um prazo de cinco anos e 100% até 2030.
A carga transportada foi um carregamento de metal de sucata da companhia de commodities de Cingapura, Maptrasco, para a siderúrgica indiana Jindal Stainless. Já a certificação em blockchain ocorreu por meio da iniciativa TradeTrust Framework, liderada pela Enterprise Singapore e pela autoridade tecnológica de Cingapura, a IMDA.
Anteriormente, o Valor noticiou que a Maersk estava convencendo cafeicultores a usar o blockchain da plataforma TradeLens, desenvolvida em conjunto pela IBM e pela GTD Solution, como solução de rastreabilidade na cadeia de transporte da commodity. Contudo, a Maersk informou à reportagem que a iniciativa foi descontinuada em 29 de novembro do ano passado devido à “falta de participação de todos os players do setor”.
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Nesta operação mais recente, a Jindal assegurou uma carta de crédito com o banco indiano ICICI para financiar o pagamento e a Maptrasco enviou a carga de Miami para o porto de Gujarat enquanto firmava uma parceria com o DBS Bank para receber os direitos da carta de crédito. Então, a empresa de Cingapura enviou o conhecimento de embarque eletrônico (eBL) para o DBS, que o verificou junto com outras documentações antes de transferir a propriedade do eBL para o ICICI.
Uma vez na Índia, o ICICI usou sua própria plataforma de blockchain, a TradeChain, para transferir o eBL para a Jindal Stainless, que depois mostrou o documento eletrônico à Maersk quando os containers de sucata chegaram ao porto de Gujarat para poder receber a carga e descarregá-la.
A autoridade de tecnologia de Cingapura afirmou em nota que este foi o “primeiro carregamento a passar por um processo de transação totalmente sem papel envolvendo comerciantes, expedidores e bancos”. A Maersk, por sua vez, afirmou que segue acreditando que a digitalização no transporte marítimo e na logística “transforma as cadeias de abastecimento” e mudará “profundamente a forma como as empresas agem”.
Já a Enterprise Singapore afirmou que tornar os conhecimentos de embarque eletrônicos previne fraudes que ocorrem quando se envia uma versão de papel pelo correio.
“Estamos felizes que com a interoperabilidade entre plataformas demonstradas comerciantes poderão agora conseguir um acesso maior ao trade finance por documentações mais confiáveis que atinjam os requisitos das instituições financeiras”, disse Tan Soon Kim, vice-presidente da Enterprise Singapore.
A TradeTrust está em desenvolvimento há quatro anos e pode usar o blockchain Ethereum ou Polygon para funcionar. Ela usa prestadores de serviço para absorver as tarifas de gás (custo cobrado pelas blockchains públicas para registrar um contrato inteligente no processo conhecido como “mintagem”).
Fonte: Valor | Fotos / Divulgação / Créditos: Maersk
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